Pode-se dizer que 2011 foi um ano em que os fundos imobiliários se consolidaram
como uma alternativa de investimento. Os números mostram que, no ano passado,
essas carteiras movimentaram R$ 912,46 milhões na bolsa - crescimento de 140%
ante o volume de R$ 379,09 milhões registrado em 2010. O total de negócios
também cresceu exponencialmente: foram 77.075 transações na bolsa em 2011 para
24.983 negócios em 2010, alta de 208%. O ano de 2011 encerrou com 66 fundos
imobiliários registrados e autorizados a negociação nos mercados de bolsa e
balcão da BM&FBovespa.
Ao se observar a rentabilidade dessas
carteiras no ano passado, vê-se que muitos investidores têm motivos para
comemorar. Levantamento da Uqbar Educação & Informação Financeira mostra que
há casos de carteiras com retorno acima de 50% - considerando-se a valorização
da cota na bolsa e retornos mensais distribuídos aos investidores. Mas atenção:
caso o investidor decida comprar agora a cota, terá um retorno proporcionalmente
menor, já que terá adquirido a cota por um valor mais alto.
Os ganhos, em
média, superam a passos largos a variação de 11,60% do CDI no período, enquanto
o Ibovespa teve queda de 18,11%. Vale ressaltar que o estudo considera apenas os
portfólios com histórico completo em 2011, ou seja, desconsidera o desempenho
dos fundos lançados durante o ano passado.
Ao
observar o retorno das carteiras, entretanto, fica evidente que o investidor
deve ficar bastante atento ao tipo de fundo na qual aplica, já que há casos de
perdas superiores a 38% no ano (ver reportagem abaixo). Nesse caso, são
normalmente portfólios que distribuíram ganhos mais modestos aos cotistas e, com
isso, tiveram desvalorização de suas cotas em bolsa.
Entre os campeões de
rentabilidade, há fundos dos mais diversos tipos - aqueles que investem em
escritórios, flats, shoppings ou apenas em papéis imobiliários. No topo da lista
entre os mais rentáveis, com 57,46% de ganho, aparece o fundo BB Progressivo.
Administrado pela Caixa Econômica Federal (CEF), trata-se de uma carteira que
aplica em dois prédios nos quais funcionam o Banco do Brasil, um em Brasília e
outro no Rio. "E essas são duas praças em que ocorrem atualmente grandes
valorizações dos imóveis comerciais", avalia Vitor Hugo dos Santos Pinto,
gerente nacional de fundos para o setor imobiliário da Caixa.
Para o
executivo, a valorização da cota no mercado secundário mostra que o investidor é
capaz de identificar a aplicação na qual o locatário tem baixo risco de crédito.
Segundo Santos Pinto, no ano passado, houve renegociação de contratos e o
reajuste foi, em média, de 30% no valor dos aluguéis.
O retorno médio dos
fundos imobiliários, de 13%, obtido em 2011 supera o CDI, mas está abaixo do
ganho médio de 20% registrado no ano anterior, ressalta Pedro Junqueira, sócio
da Uqbar Educação & Informação Financeira. Isso é uma indicação de tendência
desse mercado, de retornos talvez não tão altos, visto que há uma desaceleração
no mercado imobiliário, avalia o executivo. Houve, no entanto, sinais claros de
aumento de liquidez em 2011 e mais de 20 fundos foram lançados.
E a
perspectiva é bastante favorável para o setor. A queda da taxa básica de juros
favorece a captação em fundos imobiliários, diz Santos Pinto, da Caixa. "Vemos
também um amadurecimento dos investidores de varejo e institucionais na
aplicação em fundos em relação à aquisição direta de um imóvel, já que as
vantagens dos fundos estão mais evidentes", afirma o executivo, lembrando a
isenção de imposto de renda sobre os ganhos e a exigência de tíquetes
menores.
Com retorno de 46,5%, o fundo Hotel Maxinvest é uma carteira
formada por flats e que aproveitou o aquecimento do setor no ano passado para
realizar alguns desinvestimentos, conta Vítor Bidetti, diretor da Brazilian
Mortgages, líder no segmento de fundos imobiliários. Lançado em 2008, o fundo
começou a comprar flats justamente num momento em que havia uma superoferta e os
preços tinham despencado. "Com a economia crescendo, a recuperação do setor
viria e agora vendemos justamente no momento de alta", afirma.
Outras
carteiras a trazer alegrias aos investidores foram a Edifício Almirante Barroso,
com retorno de 38,5% em 2011, e a Torre Almirante, com rentabilidade de 31,6%,
segundo os dados da Uqbar. No primeiro caso, trata-se de um fundo que abriga a
sede da CEF no Rio. No segundo, está um dos prédios que abrigam a Petrobras,
também na capital carioca. "Os investidores deram um prêmio adicional às duas
carteiras por conta da qualidade dos inquilinos e pela escassez elevada de
imóveis no Rio", avalia Bidetti.
Já o Brazilian Capital Real Estate Fund
I - que encerrou 2011 com rentabilidade de 33,9% - mantém em carteira 13 prédios
de escritório. O regulamento da carteira prevê a retenção de parte dos recursos
para futuras aquisições. Em dezembro do ano passado, entretanto, o fundo aprovou
em assembleia o aumento da distribuição de rendimentos, que passou de 8% ao ano
sobre o valor de emissão da cota para 10% ao ano, a serem pagos partir de
janeiro deste ano. A previsão inicial do fundo era atingir essa distribuição em
2014. O fundo mantém a meta de retorno de 15% ao ano a partir de 2015.
A
percepção de baixo risco do locatário também trouxe ganhos extras ao fundo Caixa
Cedae, avalia Santos Pinto, da CEF. Lançado em março de 2010, a carteira teve
como objetivo levantar recursos para viabilizar a construção de um edifício na
cidade do Rio para posterior locação para a Companhia Estadual de Águas e
Esgotos (Cedae) pelo prazo de dez anos.
Outra carteira com retorno acima
de 29% é a Excellence, primeiro portfólio lançado composto por Certificados de
Recebíveis Imobiliários (CRIs). Para Bidetti, da Brazilian Mortgages, o mercado
de fundos de CRIs deverá crescer em 2012. "Cada vez mais, a caderneta de
poupança caminha para um esgotamento [para o financiamento de empreendimentos
imobiliários]", diz. "E o sucessor natural está justamente na securitização,
portanto, haverá mais volume de CRIs e, consequentemente, de fundos que aplicam
nesses papéis."
Um exemplo desse interesse está justamente na Santander
Asset Management. Na semana passada, Luciane Ribeiro, diretora-executiva da
gestora, informou que pretender entrar na área de fundos imobiliários neste ano.
Segundo ela, a carteira deverá ser composta por títulos como Certificados de
Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
Inicialmente, a ideia é distribuir o fundo entre os investidores de alta renda
do segmento private. O portfólio deverá captar entre R$ 100 milhões e R$ 150
milhões.
Dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostram que, no
ano passado, as ofertas registradas de cotas de fundos imobiliários somaram R$
7,6 bilhões. O total é inferior aos R$ 9,8 bilhões de 2010 - embora muitas
ofertas tenham sido registradas naquele ano, algumas não chegaram a ir a
mercado. Já em 2009, o volume registrado na autarquia foi de R$ 3,5
bilhões.(Fonte:LM-Valor)
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